No último semestre, no âmbito da disciplina Tópicos de Filosofia: A atualidade de Michel Foucault (1926-1984), ministrada pelo professor Alexandre Mendes na Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, alunos da graduação e pós-graduação tiveram a oportunidade de debater temas e conceitos essenciais da obra do filósofo francês, tais como: poder, práticas punitivas, ilegalismos, disciplina, sexualidade, biopoder, entre outros. A partir desses temas, foram apresentados seminários, questionários, resenhas e ainda a elaboração de um verbete dos principais conceitos e ideias trabalhados nas aulas,
além de artigos apresentados ao término dos encontros, que transmitem inquietudes, interpretações e sínteses dos debates semanais ao longo do semestre, articulados com as leituras da bibliografia do curso. Selecionamos cinco desses alunos da graduação para compartilhar um pouco do que foi debatido durante o semestre e evidenciar a relevância e atualidade da obra de Michel Foucault para o pensamento político contemporâneo.
Em “O tecido social e as relações de poder” Alanna Medeiros Martins elabora uma relação a produção de “um corpo”, a partir dos desdobramentos do biopoder, e discussões atuais sobre a exigência de alta produtividade da sociedade contemporânea: “a topologia psíquica desempenha os instrumentos tradicionais do poder disciplinar. Esse cenário possui evidentes problemas, sobretudo no desenvolvimento de doenças e déficits psicológicos.”
Deniz Pastor apresenta uma resenha sobre o texto “A violação do direito à saúde para mulheres encarceradas”, de Giulia Soares, explorando o embate entre a ressocialização e a retribuição da pena: “A falta de assistência é tamanha ao ponto de algumas mulheres acabarem passando por partos dentro da penitenciária, socorridas por outras detentas e com zero acompanhamento médico e psicológico.”
Continuando esse diálogo, Penha Lopes apresenta em Foucault e a Instituição prisão, reflexões sobre as condições de mulheres presas, argumentando que a manutenção dessa precariedade parece ser um elemento capaz de disciplinar, pois de qualquer maneira constata-se uma imposição de hierarquia, de controle do corpo e de poder sobre a saúde (ou a não saúde) das presas.
Helena Marques em: O Poder Disciplinar como meio para o Bom Adestramento e como meio para o Poder sobre a Vida“, sistematiza suas principais tecnologias: “Para o poder disciplinar separar, analisar e diferenciar para no fim fabricar e adestrar os in divíduos, ele dispõe de três instrumentos: a vigilância hierárquica, a sanção normalizadora e o exame.”
Por fim, Marina Gomes de Oliveira apresenta “Nós, vitorianos”?: entrelaçamentos entre sexualidade, poder e saber na obra de Michel Foucault.A partir dos subsídios oferecidos por Roberto Machado em Por uma genealogia do poder delineia-se a concepção de que “o poder possui uma natureza muito mais insidiosa e polimórfica: atua através da repressão, sem dúvida, mas esse não é seu principal meio de ação.”