Arquivos da categoria: Sem categoria

Palestra apresentada originalmente no Seminário Decolonising cannibalism or cannibalising the decolonial, no dia 17 de setembro de 2022 (UFRJ/Essex). Organização: Raluca Soreano; Carolina Salomão; Giuseppe Cocco.

Em toda obra de Dostoievski chega um momento que me traga pra dentro da narrativa. Em “Recordações da Casa dos Mortos”, é na parte da revolta na prisão. As reclamações dos presos sobre a comida escalam até a desobediência organizada. Mesmo sabendo da punição severa que se abateria sobre os participantes, o narrador-protagonista Goryanchikov resolve se unir aos rebelados. O entusiasmo de estar junto dos irmãos de cadeia é frustrado logo a seguir, quando Goryanchikov é rejeitado pelo grupo. Ele não pertence. Desolado, vai juntar-se aos presos que não aderiram ao movimento, na segurança da cozinha prisional.

É o nome de um dos poemas patrióticos mais famosos de Alexandre Pushkin. A invasão putinista na Ucrânia desencadeou uma onda de cancelamentos da literatura russa. Deveríamos era fazer o contrário. Deveríamos ler e reler incessantemente os russos à luz da invasão, inclusive para separar o joio do trigo e compreender de que maneira, do interior das obras, as linhas imperiocêntricas estejam presentes. O vício da cultura do cancelamento é cancelar sem ler ou então superestimando aspectos biográficos em detrimento das obras mesmas. Já adianto que ao longo de minha juventude mantive com a literatura russa oitocentista uma relação de fervor.

A publicação do livro O Making da Metrópole. Rios, Ritmos e Algoritmos nos conduz a uma trama instigante e oportuna. Primeiro, porque nos coloca diante de um balanço de mais de três décadas de globalização desde a queda do muro de Berlim e, consequentemente, daposição de destaque da metrópole nesse campo de transformações. Segundo, porque nos apresenta, sem cerimônia, as linhas políticas, econômicas, sociais e culturais que, tanto se consolidaram como paradigmas, quanto se tornaram tendências, isto é, devires. Por fim, todo esse panorama não escapa daquilo que está diante de nós, mas que se tornou difícil de encarar: a experiência metropolitana do Rio de Janeiro pós-ressaca dos grandes projetos urbanos, implementados durante a governança de esquerda e promovidos no calda dos megaeventos esportivos (Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016) e do ciclo dos commodities (2000-2014).

A tarefa do intelectual é, hoje, mais desvendar as relações entre as distintas imagens conceituais que aderir a posições políticas essencialistas. Assim, mais do que replicar o discurso de Nimrod como o tirano, caberia a Chamayou entender as dinâmicas que o condicionam. Continuamos hoje a análise dos Capítulos II, III e IV da obra Manhunts.

Para entendermos um autor, devemos nos afastar da apreensão imediata do conteúdo que ele expressa com palavras e nos apoiarmos nos indícios que ele nos dá acerca da forma como devem ser compreendidas estas palavras, ou seja, da indicação que ele nos dá acerca da tradição a que pertence. Grégoire Chamayou o faz de forma bastante clara em sua obra Manhunts: A Philosophical History, ao dizer que pretende pensar a partir da posição da vítima, a partir da posição da presa.

O Núcleo de Estudos do Comum – NEC, vinculado à Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, coordenado pelo Professor Doutor Fernando Hoffman, promoveu no dia 05 de maio de 2021 o Webniário “Biopolíticas em Comum”, e contou com a participação da Professora Doutora Carla Rodrigues (UFRJ), uma das principais revisoras técnicas das obras de Judith Butler traduzidas para o português. Participou ainda, como debatedor, o Professor Doutor Maiquel Wermuth (UNIJUÍ). Assim, o texto que segue reúne algumas impressões e pressupostos a partir da conferência apresentada pela professora, intitulada “Violência, Luto e Precariedade: da biopolítica à necropolítica a partir de Judith Butler”.

Dando continuidade aos estudos sobre a obra da filósofa americana Judith Butler, apresentamos nesse post uma resenha do segundo capítulo de seu novo livro: Força da não violência: Um vínculo ético-político. Na obra, a autora traça um percurso pela ética da não violência na filosofia, ciência política e psicanálise para conectar-se às lutas por igualdade social, retornando ao tema da precariedade e das vidas passíveis de luto. Assim, sua proposta nesse capítulo é identificar, pela filosofia política, uma compreensão de não violência a partir da condição básica de interdependência e de prática de valorização da própria vida.

O texto “Macunaíma (1928)”, de Lúcia Sá (Universidade de Manchester), faz parte do livro “Literaturas da Floresta: textos amazônicos e cultura latino-americana”, publicado em 2012 pela editora da UERJ. A obra sistematiza as pesquisas da autora sobre diversas literaturas e apresenta um guia para a compreensão da narrativa ameríndia.  Lucia Sá percorre as tradições orais da Floresta Amazônica, perpassando por diversas regiões brasileiras e pelos países que fazem fronteira com o nosso. Originalmente publicada em inglês, a obra é dividida em quatro partes: Roraima e os Caribes; O grande território dos tupis-guaranis; A confluência do Rio Negro; Os arauaques do Alto Amazonas. Nesse percurso, a autora revisita algumas obras de grandes escritores a fim de destacar a intertextualidade com as narrativas indígenas.

A disciplina Estudo Crítico de Autores, do Programa de Pós-Graduação em Direito da UERJ, Linha Teoria e Filosofia do Direito, será dedicada este semestre ao pensamento do escritor Mario de Andrade. O curso, realizado pelo Zoom, é aberto a ouvintes através de autorização prévia a ser socilitada pelo e-mail: alexandremendes.remoto@gmail.com O curso prevê 12 encontros semanais, sempre às sextas, 10h, a partir do dia 05 de março. O programa completo segue transcrito abaixo: (Retrato de Mário de Andrade , 1922 , Anita Malfatti) UNIVERSIDADE DO

10/34